O PAPEL DA PATOLOGIA CLÍNICA/MEDICINA LABORATORIAL NA SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE SAÚDE.

Tecnologias podem aumentar o diagnóstico de doenças transmissíveis em locais remotos

- 30/08/2023

Mesa redonda no 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, em São Paulo, em setembro, discutirá a importância de levar tecnologia a campo para o atendimento de saúde básica 

O Brasil é um país de dimensões continentais e essa é uma das razões pelas quais encontra tanta dificuldade em unificar políticas públicas. É mais fácil levar saneamento básico para as cidades que para os rincões da Amazônia. Essa mesma lógica vale para o atendimento primário de saúde, que, quando acontece longe das cidades, também não consegue ter rapidez e eficiência. Na mesa “Importância da Codificação dos Exames Laboratoriais”, representando o Ministério da Saúde, Claudio Salgado discutirá com outros especialistas, a importância de ter tecnologia junto com a equipe logo na porta de entrada do Sistema Único de Saúde nesses locais.

“O que estamos debatendo, hoje, no Ministério da Saúde, é a possibilidade de ter máquinas menores que cheguem em áreas mais remotas, o que se chama de Teste POC (point of care) e que tem o resultado na hora. A prerrogativa é diminuir o tempo, diminuir as máquinas e aumentar a possibilidade de diagnóstico no campo”, explica Salgado, professor titular de Patologia Geral na Universidade Federal do Pará, que está cedido para atuar como coordenador de atenção às doenças transmissíveis na atenção primária à saúde. 

De acordo com Salgado, as máquinas de PCR - ou máquinas de Reação em cadeia de polimerase, em tradução livre -, que foram fundamentais na detecção da Covid-19, podem ser uma das soluções para melhorar o diagnóstico, o controle e a vigilância de doenças restritas a áreas remotas, como a Malária na Amazônia, por exemplo. 

“Hoje, essas máquinas são grandes e sensíveis, precisam estar alocadas em laboratórios sob condições estritamente controladas, como a temperatura das salas. Exatamente por isso, diversas mesas, além da nossa, vão discutir a importância de equipamentos menores”, comenta.  

Entre as doenças transmissíveis que serão discutidas na mesa, HIV e hepatite B já têm testes rápidos que são facilmente levados a campo. Mas, outras enfermidades como malária, hanseníase e tuberculose ainda são grandes desafios para o governo brasileiro. 

Como hansenologista, Salgado explica que o diagnóstico tardio tem um impacto muito grande na vida de pacientes com hanseníase. “Embora a mortalidade seja baixa, a falta de diagnóstico aumenta as chances do desenvolvimento de incapacidade física”. 

O diagnóstico da hanseníase é feito através de exame clínico, que precisa ser feito por profissionais qualificados, outro ponto nevrálgico do sistema de saúde, que conta com equipes pequenas para um grande número de pacientes. 

“Idealmente, uma equipe de saúde de atenção primária, que é composta por um médico, um enfermeiro, um técnico em enfermagem, um administrativo e agentes de saúde deveriam atender duas mil pessoas. Mas, a realidade é que se atende o dobro. Atualmente, o Brasil conta com 52 mil equipes de saúde, mas esse número deve passar para 80 mil até o final do ano que vem. Já contratamos 6 mil médicos no primeiro semestre desse ano”, conta o coordenador.

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