Papel do Laboratório Clínico na Promoção da Saúde

Testes laboratoriais podem empoderar o paciente e reduzir os custos do sistema de assistência à saúde

- 25/09/2019

Uma das atividades que abriu o 53º CBPC/ML foi a mesa redonda “Avaliação crítica dos Testes laboratoriais Remotos – POCT”. As aplicações desse tipo de exame foram abordadas pela ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, Paula Távora. 

Segundo a especialista, nos Estados Unidos, os testes laboratoriais remotos já representam 23,2% do mercado de medicina diagnóstica. Enquanto no Brasil, ainda ocupam apenas 0,5%. “A disponibilidade deste tipo de testes no nosso país ainda é pequena. Mas é incontestável a tendência mundial”. 

Uma das aplicações mais efetivas dos POCT, foi constatada após as ocorrências do rompimento das barragens de Mariana e de Brumadinho, quando os foram fundamentais para auxiliar na identificação dos surtos de dengue na região metropolitana de Belo Horizonte. 

Távora reforça que não se trata de um mercado varejista. Além disso, a regulação, a segurança e a qualidade são fundamentais para atingir o objetivo final, de oferecer uma atenção primária adequada. “Os testes laboratoriais remotos representam o empoderamento do paciente e a democratização do conhecimento”. 

Fábio Lima Sodre, presidente regional da SBPC/ML na Bahia, abordou o ponto de vista de custos dos POCT. Sua apresentação explorou a diferença entre os conceitos contábeis de custo, despesa, investimento e gasto. 

Em suas considerações, Sodré constatou que, em sua maioria, os POCT terão um custo mais alto do que os exames realizados em laboratórios centrais. “É necessário ter uma visão mais ampla. Comparar apenas custos de materiais é equivocado”, afirmou. 

O especialista apresentou alguns dados da literatura internacional que confirmam os benefícios financeiros dos POCT, quando aplicados corretamente. Segundo ele, a glicemia de uso doméstico e de uso hospitalar, reduzem as chances de episódios de hiper ou hipoglicemia, diminuindo o número de mortes e hospitalizações. “Mesmo quando o paciente acaba hospitalizado, o custo da internação e do tratamento acaba sendo 80% menor”, explicou. Na Inglaterra, a economia observada na internação com uso de glicemia hospitalar chegou a 800 pounds (moeda inglesa) por paciente. 

A conclusão de Sodré alertou para o fato de que a introdução dos testes laboratoriais remotos sem critérios, tende a aumentar o desperdício no sistema de assistência à saúde. 

Adriana Caschera Leme, coordenadora técnica do Hospital Albert Einstein, contribuiu na atividade trazendo o panorama sobre a conectividade dos POCT. Segundo ela, um sistema de gestão adequado deve atender pré-requisitos como o cumprimento de legislação, indicadores de qualidade, controle de fluxo, consumo e atividades, rastreabilidade de processos, dentre outros.

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