Papel do Laboratório Clínico na Promoção da Saúde
- 25/09/2019
No final do primeiro dia de atividades do 53ºCBPC/ML, a conferência “Solicitação adequada de exames laboratoriais” trouxe à tona dados sobre overuse (uso abusivo) e underuse (subutilização) dos testes.
O Dr. André Volschan, coordenador médico da unidade de emergência do Hospital Pró-Cardíaco, foi responsável por expor sobre o uso excessivo dos exames. Em sua exposição, o especialista explorou o conceito de que o diagnóstico precoce está atrelado à medicina moderna, com objetivo de excluir a existência de doenças através, principalmente, de rastreamentos. “Essa prática deve ser adotada para melhora de sobrevida do paciente. Quando aplicado sem crítica, o rastreamento pode ser perigoso”, completou.
Durante sua exposição, Volschan apresentou alguns gráficos que apontavam aumento significativo da prevalência de doenças, sem observar mortalidade. Ele definiu essa curva como a linha de overdiagnosis.
Foi exposta a informação de que para cada morte evitada para câncer de mama, 250 pacientes recebem o diagnóstico negativo e de 10 a 15 passam por tratamento desnecessário. No que tange o PSA, o Dr. André Volschan destacou as limitações e consequências acarretadas. “Fica evidente a falta de diálogo com o paciente sobre os riscos e benefícios”.
O impacto do overuse dos exames evidencia o tamanho do problema, no total, 30% do desperdício do sistema de assistência à saúde. Ao indagar os participantes presentes sobre qual a tecnologia mais cara da medicina, Volschan foi enfático ao afirmar: “É a caneta do médico”.
Segundo o médico, “é necessário tolerar a incerteza e unir os players para conseguir aplicar a boa prática de forma diferenciada”. Um vídeo sobre a iniciativa Choosing Wisely ilustrou e finalizou a apresentação do especialista.
O presidente da SBPC/ML, Wilson Shcolnik, foi responsável por apresentar o panorama do underuse dos exames laboratoriais. Sua apresentação evidenciou que a tendência é de que o número de testes tende a aumentar, seguindo a evolução da tecnologia e, principalmente, a acompanhando o aumento da expectativa de vida da população.
O patologista clínico apresentou através de dados retirados da imprensa que a subutilização dos exames laboratoriais está em pauta há muitos anos. “Em 2005, já observamos declarações de autoridades e especialistas de que 30% dos exames laboratoriais do Brasil, se quer eram retirados. Esse dado alarmou o nosso setor, que deveria ser a fonte mais qualificada para tal informação”. Shcolnik apresentou que o dado oficial da SBPC/ML, de que apenas 2,4% dos exames laboratoriais não são acessados, contrariando a informação anterior.
A Organização Mundial da Saúde estima que 70% das mortes por câncer nos países de baixa renda, acontecem em decorrência do diagnóstico tardio. E os exames laboratoriais representam apenas 2,3% dos custos totais da assistência à saúde nos Estados Unidos. Shcolnik enfatizou a necessidade do uso consciente dos exames laboratoriais e iniciativas que endossam o conceito.